Rodrigo V Cunha
6 ações que regeneram – e como aplicá-las em sua empresa
O ecologista americano Paul Hawken, um dos grandes nomes da agenda de regeneração, lista algumas atitudes necessárias
para resolver as crises climáticas.
“A natureza não comete erros”, ouvi em uma entrevista com o ecologista americano Paul Hawken, um dos grandes nomes da agenda de regeneração. Apesar disso, décadas e
décadas de exploração predatória da Terra nos colocaram nesse estágio de destruição
quase irreversível. Quase.
No livro "Regeneration: Ending the climate crisis in one generation" (ainda sem tradução
para o português), Paul defende que é, sim, possível resolver a crise climática – e o melhor:
em apenas uma geração. Para isso, entretanto, precisamos fazer mais do que apenas não
causar mais danos ao planeta. Precisamos agir para regenerar o que já foi perdido.
Para facilitar, Paul elencou 6 ações básicas que podem acabar com essa crise. Ações que podemos – e devemos – adotar tanto na esfera pessoal quanto na esfera organizacional.
Imagem: reprodução beefpoint
1. Equidade
Tudo o que precisa ser feito para acabar com a crise climática deve ser infundido pela
equidade, defende Paul. Ou seja, pelo reconhecimento imparcial do direito de cada um. E
essa justiça tem tudo a ver com como tratamos uns aos outros, a nós mesmos e o mundo
ao nosso redor.
De acordo com Paul, o estado do meio ambiente reflete a violência, injustiça, desrespeito e
dano que causamos a pessoas de diferentes culturas, crenças e cor de pele. Por isso, o
sistema social exige o mesmo nível de cuidado, atenção e gentileza que os ecossistemas.
Para regenerar os danos causados ao planeta, portanto, precisamos reparar as injustiças impostas às pessoas que habitam nele. Sem isso, nunca chegaremos lá.
2. Reduzir
Não existe segredo quando o assunto é reverter as emissões de gases de efeito estufa:
basta parar de colocá-los na atmosfera. Mas fazer isso, por outro lado, está longe de ser
simples. É necessário eliminar as emissões da agricultura, transporte, indústrias,
desmatamento, desertificação e destruição do ecossistema.
Para isso, sugere Paul, é essencial a implementação de energia renovável a partir de
energia eólica e solar, por exemplo, e de microrredes de fornecimento. Também é essencial reduzir
o consumo de energia e de materiais. Algumas soluções são:
Veíciulos elétricos;
Micromobilidade;
Edifícios com carbono positivo (que produzem, por meios sustentáveis, mais energia do que consomem);
Cidades onde é possível se locomover a pé (walkable cities);
Redução do desperdício de alimentos.
3. Proteger
Você sabia que existem 3,3 trilhões de toneladas de carbono contidas em florestas, pântanos, pastagens, manguezais, terras agrícolas e outros ecossistemas terrestres? Segundo Paul,
isso é cerca de quatro vezes mais carbono do que na atmosfera.
Infelizmente, uma parte desses ecossistemas é degradada todos os anos. E, quando isso acontece, plantas e organismos abaixo e acima do solo morrem, emitindo dióxido de carbono
na atmosfera.
Para se ter uma ideia, se perdermos 10% desses ecossistemas, essas emissões podem aumentar a concentração de dióxido de carbono na atmosfera em até 100 partes por milhão.
Para que isso não aconteça, portanto, é essencial proteger esses sistemas terrestres e não permitir mais degradação.
4. Sequestrar
Além de não emitir mais gases do efeito estufa, precisamos trabalhar para retirar o excesso
de dióxido de carbono da atmosfera – chamado de sequestro de carbono. As principais
formas de fazer isso, de acordo com Paul, são:
Agricultura regenerativa;
Pastoreio manejado;
Reflorestamento e florestamento;
Restauração de terras degradadas;
Replantio de manguezais;
Recuperação de pântanos; e
Proteção de ecossistemas existentes.
Paul defende que o objetivo não deve ser o famoso termo carbono-neutro, mas reduzir os
níveis de carbono na atmosfera de volta aos registrados antes da revolução industrial.
5. Influenciar
Para causar uma mudança significativa, precisamos influenciar a criação de leis,
regulamentos, subsídios, políticas e códigos que ajudem a regenerar o planeta. Por exemplo:
uma coisa é deixar de usar sacolas plásticas como indivíduo ou organização, outra completamente diferente (e muito mais abrangente) é banir o plástico descartável
(principalmente de uso único) de vez.
Essa influência, de acordo com Paul, pode ser exercida na forma de políticas de compra de
uma empresa ou cidade; cartas, e-mails ou mensagens para empresas e associações
comerciais; pressionando políticos e legisladores; ou até boicotando determinadas
organizações.
6. Apoiar
Por fim, é extremamente importante e necessário apoiar organizações que estão impulsionando mudanças nas áreas de clima, justiça social e meio ambiente. Organizações e indivíduos que
são verdadeiros regeneradores, segundo Paul.
No site do projeto Regeneration, é possível encontrar uma extensa lista desses agentes transformadores divididos por áreas de atuação.
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